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NOTÍCIAS

Cota pela cota ou cota dos bem cotados

 
23/11/2012

 

Crônica de Marcus Aurélio de Carvalho, publicada no Facebook, na quarta-feira, 21 de novembro, repercutiu nas redes sociais, gerando debates sobre a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
 
Veja abaixo, o texto a crônica.

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Cota pela cota ou cota dos bem cotados

 

* Por Marcus Aurélio de Carvalho

 

Sinal aberto para quem? Em 4 de setembro, os estudantes da turma da noite do curso livre e inclusivo Comunicador Integral da Unirr experimentaram uma aventura em plena

 Avenida Paulista. Um dos estudantes cegos empurrou a cadeira de rodas da aluna com deficiência motora assim que o sinal de trânsito ficou verde para os pedestres. Nossa proposta era que os dois, como repórteres de TV, mostrassem o desafio de cruzar a principal avenida da cidade em pleno início da noite.

Eles atravessam a via, na faixa de segurança, bem na frente do Conjunto Nacional, onde funciona da sede da Unirr, em horário de grande movimento de carros e pedestres. Enquanto isso, outro estudante cego filmou tudo. Os demais alunos do curso, os sem deficiência, fizeram a produção e direção, em plena via. O vídeo com a reportagem está disponível no site da Unirr, www.unirr.org.br, no ambiente ‘notícias’ com o título ‘Cegos e cadeirante são repórteres na Avenida Paulista’.

O vídeo teve a orientação do professor da equipe Unirr Ricardo Gouveia e mostra que falta muito para a mais importante avenida de São Paulo ser acessível e segura para a pessoa com deficiência. A não existência de um sinal sonoro, que informe o período em que se pode cruzar a Paulista, é uma das muitas dificuldades encontradas.

Após as gravações, os participantes definiram coletivamente, na sala de aula, como ficou o roteiro da reportagem e gravaram o encerramento da matéria. Atividade em equipe e com todos adotando atitude inclusiva. Os com deficiência apoiando o trabalho dos sem deficiência e vice-versa. 

Os estudantes da Unirr Felipe Augusto (cego) e Eliane Vieira Oliveira (cadeirante) foram os repórteres. O aluno Eber Anacleto da Silva (cego) foi o câmera. Dois alunos com visão normal indicavam, com voz e outros sons, onde estava o melhor foco. Marcos Beltramim, Luiza Amad, Lenandro Menchik e Adriano Moreno foram os produtores e diretores. Vanda Regina e Luciana Gabardo dos Santos, da equipe Unirr, apoiaram o trabalho do professor Ricardo e de todos na avenida.

Assim deve ser a sala de aula na escola regular: um simulacro do que será o mundo do trabalho no futuro. Se governantes e empresários cumprissem já todas as resoluções da ONU em 1990 e 2006; o documento assinado na Convenção da Guatemala, em 1992; e as leis aprovadas, em nosso país, a partir de 1991, poderíamos dizer que a escola regular deve ser um simulacro do mundo do trabalho no presente.

Nos grandes meios de comunicação, as pessoas com deficiência, na maioria dos casos, ainda são tratadas como responsáveis apenas pelas tarefas de bastidores, como atender ouvintes, apoiar produtores, fazer rádio escuta, etc. Na sociedade inclusiva, os meios de comunicação terão que trocar a política da ‘cota pela cota’ por uma prática cotidiana da ‘cota dos bem cotados’. 

Esse novo cenário se constrói com qualificação profissional das pessoas com deficiência e com a mudança de postura das empresas, que deverão, na busca de uma sociedade inclusiva, romper com todo tipo de preconceito e assistencialismo. Cota dos bem cotados e atitude que inclui.

 

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*Marcus Aurélio de Carvalho, diretor executivo da Unirr, 51 anos, tem 10% de visão no olho esquerdo e é cego do olho direito. Nasceu com catarata e glaucoma secundário. Formado em comunicação social pela UFRJ, é jornalista, educador e radialista. É professor e palestrante há 22 anos, tendo ministrado palestras em 17 países e em todas as regiões brasileiras. Temas mais abordados: inclusão no mercado de trabalho, direitos das pessoas com deficiência, gestão de emissoras de rádio, produção, locução e radiojornalismo. É também professor de organização e produção radiofônica no curso de rádio e TV da FAAP, em São Paulo. Trabalha em emissoras de rádio há 31 anos. Foi repórter (Rádio Tupi), apresentador (Rádio Tupi, Rede CBN e Rádio Globo) e gestor (coordenador de esportes da CBN, gerente da Rádio Globo do Rio de Janeiro e gerente nacional de programação da Rádio Globo).

 
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