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Final de 1950: Na emoção do jogo inteiro, imagine o que nossos pais ou avôs sentiram

 
26/11/2013

Há mais de dez anos, digo para colegas que há um erro recorrente nos ótimos documentários sobre a Copa do Mundo de 1950: atribuir a Antônio Cordeiro a narração dos gols uruguaios na transmissão da Rádio Nacional. Cordeiro começa a relatar os lances, no campo de ataque do Brasil, mas quem conclui a narração dos gols marcados por Schiaffino e Ghiggia é Jorge Curi. Cordeiro narrou o gol de Friaça, da seleção brasileira.

É emocionante reservar um tempo para viajar em como era a transmissão da Nacional, naquele 16 de julho, com narração de Curi e Cordeiro e reportagens de campo com César de Alencar. Nas informações de Suécia x Espanha, diretamente do Pacaembu, em São Paulo, participava e narrador Luís Alberto.

O pessoal do blog O Campo dos Sonhos conseguiu disponibilizar no Youtube esse áudio histórico, publicado por outro blog: o Impedimento. Nele estão: a execução dos hinos de Brasil e Uruguai, a transmissão praticamente completa dos dois tempos e a reportagem de campo na comemoração dos uruguaios, com a entrega da taça para a Celeste Olímpica.

Não está no áudio a íntegra dos comentários de intervalo do jogo.


Por que Curi narrou os gols do Uruguai?

Cordeiro transmitia os lances da linha do meio de campo para o lado esquerdo das cabines de rádio. Curi narrava da linha divisória para o lado direito.

No primeiro tempo, o ataque do Uruguai era narrado por Antônio Cordeiro e o do Brasil por Jorge Curi. No segundo tempo, Curi narrava os ataques uruguaios. Como todos os gols aconteceram no segundo tempo, Cordeiro narrou o gol do Brasil e Curi narrou a conclusão dos gols do Uruguai.

Com atenção, vocês conseguem notar claramente que o timbre de voz muda quando a bola ultrapassa a linha divisória. Cordeiro tinha uma narração mais clássica, com menor variação de voz nos lances perigosos, se comparado com o estilo mais emocionado de Jorge Curi.


A cerveja e seus ingredientes

Outro aspecto imperdível é o formato dos textos comerciais. Um modelo muito comum no rádio brasileiro até os anos 1960. A cerveja era apresentada com seus ingredientes. A marca de relógio patrocinava o tempo de jogo, mas ainda não eram usados efeitos sonoros a cada cinco minutos.

Poucas vozes no ar ao longo de toda a transmissão. Os próprios narradores comentavam. O repórter de campo - na verdade, o apresentador César de Alencar - era acionado somente em momentos cruciais, como na consulta de Curi sobre um suposto impedimento uruguaio no primeiro tempo.


A magia da `maior tela do mundo'

No mais, é reservar quase duas horas de um fim de semana ou qualquer outro intervalo disponível, 'entrar na história' pela magia do som.  Acho pouco provável que algum apaixonado por rádio ou alguém que ouviu aquela final não se encante com os relatos de Cordeiro e Curi.

Walter Ouro Alves, saudoso radialista e professor brasileiro que dava aulas no RNTC (Radio Netherlands Training Center) e na CIESPAL (no Equador), costumava dizer que o rádio é 'a maior tela do mundo', pois é a estimula a infinita da imaginação. Se você tem dúvidas sobre a afirmativa do mestre, recomendo fortemente a audião completa do jogo.

O seleção perdeu, mas o rádio ganhou. Mostrou, e volta a mostrar, do que é capaz.

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*Marcus Aurélio de Carvalho é jornalista, professor e radialista. Dá aulas e palestras no Brasil e exterior sobre história do rádio, produção, reportagem e programação radiofônica. É coordenador e professor na Unirr - União e Inclusão em Redes e Rádio - ONG com sede no Rio de Janeiro, da qual foi fundador, em 1995. É professor de organização e produção em rádio na Faculdade de Comunicação da FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado - em São Paulo. Foi gerente executivo e apresentador da Rádio Globo de São Paulo (2007 a 2012); âncora (1996 a 2002) e coordenador nacional de esportes (2000 a 2002) da Rede CBN; repórter e apresentador da Rádio Tupi do Rio de Janeiro (1984 a 1996).



 

 
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